Por Martins Denis - Parece que a seleção de futebol dos EUA perdeu um talento em potencial quando o brasileiro Ricardo "Golden Boy" Funch - que vai enfrentar Johny Hendricks neste fim de semana no UFC 107 - descobriu o MMA.
Ricardo Funch - O Golden Boy está Pronto para Brilhar
Por Martins Denis
Parece que a seleção de futebol dos EUA perdeu um talento em potencial quando o brasileiro Ricardo "Golden Boy" Funch - que vai enfrentar Johny Hendricks neste fim de semana no UFC 107 - descobriu o MMA.
Vivendo em Springfield, Massachusetts desde 2000, Ricardo, um baiano de Lençois, possui dupla cidadania, já que seu pai é cidadão americano, e conseguiu uma bolsa de estudos na American International College para jogar futebol e se formar em Biologia, disciplina que ele conseguiu o diploma de bacharel. Ele também poderia ter sido um excelente biólogo, mas o entusiasmo encontrado no MMA há quatro anos falou mais alto.
"Um amigo meu da universidade era wrestler, e quando ele soube que eu era brasileiro ele, me perguntou se eu era um praticante jiu-jitsu," ele diz. "Eu não era, então ele me mostrou uns vídeos do Royce no UFC e eu fiquei fascinado. Depois disso, nós procuramos uma academia para treinar e terminamos na escola do Marco Alvan, onde eu estou até hoje."
A intenção era se tornar um lutador de MMA logo que o primeiro treino terminasse, e ele deixou isso claro para o professor Alvan.
"Eu falei para ele que queria lutar," ele disse sobre o primeiro contato com o técnico do Team Link. "O Marco me falou para eu começar a treinar primeiro e depois de seis meses ele me avaliaria. Ele gostou da minha dedicação e um ano depois eu lutei MMA pela primeira fez."
A dedicação de Ricardo não era seu único aspecto positivo, a preparação física do futebol, e o atleticismo e coordenação quando ele era um jovem capoeirista nos tempos de Brasil ajudaram também.
Mas como as mudanças na vida dele aconteceram rapidamente, a velocidade era acompanhada pelas dificuldades que a nova opção de vida tinha. No começo de sua carreira, Ricardo não podia contar com seus familiares, uma vez que ele temia a reação deles diante da escolha. Sendo assim, ele ficou conhecendo apenas uma única palavra - trabalho.
"Meu maiores incentivadores foram meus parceiros de treinos; eu temia que meus familiares rejeitassem a idéia no começo." Ele diz. "Somente contei a eles depois da minha segunda ou terceira luta, e embora minha mãe ainda não goste da idéia, meu pai me ajuda muito. No começo eu tinha que me dividir entre o trabalho e os treinos, e eu não tinha carro, meu transporte era uma bicicleta. Então depois que terminava meus serviços de paisagismo e nas construções eu pedalava nove quilômetros para ir para a academia e nove para voltar."
E ele não tem arrependimentos, já que chega ao UFC com o impecável recorde de 7-0.
"Tudo valeu muito a pena cara," ele diz. "Consegui meu contrato com o UFC, vivo perto da academia que treino. Desde 2008 tenho patrocínio da Malevilynce e isso ajuda a manter as contas pagas."
Com a maioria das vitórias tendo sido conquistadas por nocaute técnico, a força de Ricardo parece estar concentrada na trocação. Mas esse faixa roxa de jiu-jitsu admite que é no chão que esta sua especialidade, mesmo que a forma com que ele implemente isso abra mais margens para TKOs do que para finalizações.
"Eu acho que um lutador, independente do estilo, precisa ser rápido e letal nas lutas," ele diz. "Eu me sinto como um bom grappler, e treino mais jiu-jitsu do que qualquer outra coisa, mas eu me sinto bem trocando também."
A trocação é a mesma que o salvou de sua mais curiosa e dura luta até agora na carreira. Em 2008, Ricardo estava indo lutar no Texas contra o campeão do XFC, Anthony Waldburger, e antes dos lutadores fazerem suas entradas no ring, o pai de Waldburger enviou uma mensagem via satélite direto do Iraque, onde ele servia como militar. O senhor Waldburger foi visto como um herói, fazendo o sentimento de patriotismo ser imenso. Nesse momento, o fato de Ricardo estar vivendo nos EUA há oito anos foi esquecido, já que quando ele começou a caminhar até o ring as vaias se tornaram ensurdecedoras.
"Me senti como o vilão da história, o inimigo da nação."
Mas aquele foi só o começo de uma longa noite.
"Eu tomei um direto no nariz no começo da luta que me deixou tonto durante todo o round," ele diz. "Eu apenas sobrevivi ao primeiro assalto, mas no segundo eu coloquei as minhas mão nele e venci por TKO."
Entrando em uma classe de peso do UFC repleta de novos talentos perigosos, Ricardo vai pegar um lutador com o jogo similar ao dele, Hendricks (6-0), um wrestler com a mão pesada.
"Nas lutas que eu assisti dele, ele foi bem dominante e é muito bom, mas quem não é?" Ele pergunta. "O UFC é o lugar onde os melhores estão, então vou dar meu máximo."
As sete lutas de Ricardo vão colidir com as seis lutas de Hendricks e a probabilidade deles deixarem de ter recordes imbatíveis é evidente. Mas para Ricardo um recorde invicto não é um peso nas costas, e nem um problema a ser enfrentado.
"Eu já lutei contra outros invictos e digo que a pressão não é nem o meu e nem o recorde dele, é lutar no UFC. Ele já respirou ares que eu ainda não, mas eu sei que vou me sair bem psicologicamente. Obviamente eu venho treinando mais wrestling do que de costume para enfrentar o Johny, mas o restante é a mesma rotina que me levou até o UFC. Isso significa afiar minhas técnicas na trocação e nas finalizações."
Então é certo dizer que a porção preliminar do card do UFC 107 terá doses de ação eletrizante reservadas aos fãs, uma vez que Ricardo versus Hendricks é uma colisão de invictos que são bons no chão e são capazes de nocautear um ao outro.
"Eu lutarei muito bem, porque minha intenção não é só chegar no UFC, mas sim bater meus oponentes e eventualmente entrar no top 10", ele diz. "Algumas pessoas já me falaram que é melhor estrear nas preliminares, porque há menos pessoas assistindo. Eu digo que eu não posso sentir a diferença entre 20 mil e um milhão de pessoas. Para mim, a pressão é a mesma, mas eu vou brilhar."