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Rafael dos Anjos - Afiando suas armas em busca da 3ª vitória seguida

Por Martins Denis

 

'E se?' É uma frase que tem acompanhado Rafael dos Anjos ao longo de sua carreira de quatro lutas no octógono.      

Contra Jeremy Stephens, Tyson Griffin, Rob Emerson e Kyle Bradley, Rafael alcançou um recorde de 2-2 que ele analisa repetidamente, mas sem arrependimentos.  

   

A perda de concentração entre os rounds dois e três contra Stephens (UFC 91), sua opção por uma chave-de-panturilha contra Griffin (UFN 18), a falta de uma sequência final para dizimar Emerson quando ele caía muitas vezes de três apoios (UFC 103) e quando ele conectou uma joelhada, um chute na perna, um chute frontal no rosto e um direto de esquerda com menos de dez segundos para o fim do round um contra Bradley (UFN 20), quando, mais alguns segundos, poderiam ter dado a ele uma vitória por nocaute.      

"Eu não gosto de considerar 'ses', eu não sei se isso mudaria o resultado ou não, e eu não penso sobre essas possibilidades", ele diz. "Eu treino para não cometer os erros que poderiam mudar o resultado positivo para mim. Comentei sobre a perda da concentração contra Stephens, mas, depois disso, eu acredito que meu grande erro foi tentar um armlock quando eu estava nas costas dele. Fiquei embaixo do Stephens e aquela foi uma oportunidade que eu dei à ele".      

Lutando contra Griffin em abril de 2009, Rafael encaixou uma rara e dolorosa chave-de-panturilha que dobrou assustadoramente a perna esquerda de seu oponente. Após essa luta, ele ouviu um monte de opiniões que se ele tivesse optado por pegar as costas com os ganchos, mais aberturas iriam aparecer. Mas o faixa preta de Jiu-Jitsu lembra que uma vez uma posição está encaixada, você tem que insistir nela e não mudar para algo que tem uma grande chance de não funcionar. 

     

"Acho que se eu tivesse tentado qualquer outra finalização, ele teria escapado", ele diz sobre 'a luta da noite' do UFN 18. "Ele estava defendendo bem suas costas e a chave-de-panturilha estava realmente muito justa".     

Focado em conseguir a primeira vitória no UFC após as derrotas para Stephens e Griffin, Rafael finalmente teve uma, a decisão unânime em setembro último sobre Emerson. Mostrando um excelente Muay Thai e usando muito bem a sua base de canhoto, ele conectou uma infinidade de chutes nas pernas e garantiu a vitória após três rounds. Mas ele ri novamente quando o 'se' surge sobre os motivos pelos quais ele não deu prosseguimento com uma combinação de socos, após os chutes que derrubavam Emerson.      

"Esses 'ses' estão me perseguindo", ele diz com um sorriso. "Como eu disse antes, eu treinei para não deixar que estas coisas aconteçam de novo e o bom de algo assim acontecer é que não foi um erro na luta, apenas um detalhe".     

Ainda rindo e assumindo a piada com os 'ses', Rafael revela que a luta contra Bradley, no dia 11 de janeiro, foi a que apresentou o maior número dessas ocorrências. Se ele tivesse 20-30 segundos a mais no final do round um, a possibilidade de KO era claro, então uma nova oportunidade surgiu no final do terceiro, quando ele dominou o braço direito de Bradley e poderia ter saído com a finalização por armlock se tivesse mais tempo. Mas ele diz que naquela noite, o 'se' quase adicionou outra derrota ao seu cartel.      

"Bradley acertou um chute que pegou no meu braço e, ao mesmo tempo, em minhas costelas e eu senti", ele diz. "Fiquei um pouco cambaleante com a dor, mas mostrei raça, não o deixei perceber, e continuei. Se o Bradley percebesse aquele momento, ele poderia me machucar mais".   

 

Com suas primeiras quatro lutas no UFC fora do caminho, o objetivo agora é obter uma terceira vitória consecutiva, e ele tem a chance neste sábado no UFC 112 contra o britânico Terry Etim. Para este combate, o brasileiro de 25 anos de idade adotou uma rotina de treinos diferente da que tinha feito antes.      

Normalmente a preparação é no Rio de Janeiro, com pequenas viagens a Cingapura para melhorar seu Muay Thay, mas Rafael inverteu a rotina desta vez e, por um período bem maior antes da luta, ele permaneceu na pequena nação do Sudeste Asiático na academia Evolve MMA. Isso não foi apenas uma mudança para aumentar a sua capacidade de trocar em pé, mas uma maneira de chegar a um equilíbrio e não sentir o fuso-horário em Abu Dhabi, o local do combate deste fim de semana.     

 

"Cingapura está mais perto de Abu Dhabi do que o Brasil, então isso é parte da minha estratégia de ficar sem essas dificuldades que influenciam na luta", ele diz. "O nível da preparação aqui é alto, tenho Zorobabel Moreira Jr. e Rafael Gordinho, dois faixas pretas de Jiu-Jitsu, treinamento comigo. Eles estão reproduzindo a altura e a vantagem no alcance que o Etim tem e isso, juntamente com os treinadores de Muay Thai, é perfeito.      

"Aqui eu vivo luta todo dia, não tenho outra atividade e o Gordinho e o Kru Toy estão consertando pequenos erros no meu Jiu-Jitsu e Muay Thai".     

Mas essa mudança na preparação de Rafael traz em um dilema antigo - ele foi vitorioso em suas duas lutas anteriores, por que mexer em time que está ganhando?      

"Eu não vejo isso dessa forma", diz ele. "Imagine que este é um jogo de futebol e seu time está ganhando, assim alguém te dá jogadores como o Ronaldinho Gaúcho e o Lionel Messi, você vai deixá-los fora do jogo? Eu não, eu resolvi colocá-los em campo e isso é o que estou fazendo com a minha preparação neste momento".      

Distante de sua família durante datas especiais como a Páscoa, Rafael sabe que os meses longe de sua esposa e filho podem ser recompensados com uma grande vitória sobre Etim, que faturou o bônus de 'finalização da noite' em duas oportunidades seguidas. Lutar no chão com um homem deste calibre ou trocar golpes contras as longas pernas e os compridos braços do britânico são apenas desafios para Rafael mostrar o lutador completo que se tornou.      

"Eu sou um faixa preta de Jiu-Jitsu, mas eu treino para melhorar meu jogo em geral, e as pessoas já perceberam isso, já que eu não tento quedas o tempo todo ou puxo para guarda. Eu troco francamente.  

 

"Não pretendo deixar o Etim respirar e eu vou pressioná-lo o tempo todo". Ele continua. "Eu vou experimentar o main card pela primeira vez e é claro que eu vou gostar dele e quero ficar lá. Então minhas armas estão afiadas para esta luta".