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Mauricio Shogun Rua busca o melhor no momento certo

Invencível. Mauricio "Shogun" Rua está bem ciente do que é esta a palavra e o que ela significa, principalmente depois de estar as voltas com ela durante grande parte da sua vida.

Quando ele era apenas uma criança começando nos esportes de combate, um de seus primeiros heróis foi o ex-campeão mundial de boxe Mike Tyson, o homem mais casca-grossa no planeta. Quando ele ficou mais velho e começou a sua própria viagem pelo mundo do MMA, seu ídolo não era somente seu irmão Murilo, mas o seu companheiro da equipe Chute Boxe Wanderlei Silva. Wanderlei era, obviamente, a máquina destruidora do Pride e o competidor mais temido do MMA, já Ninja, por ser irmão de Maurício, não poderia fazer nada de errado dentro ou fora do ringue.

"Comecei por causa do meu irmão, e por poder treinar e observar ele e Wanderlei treinarem todos os dias, e isso me deu grandes exemplos a serem seguidos e me fez acreditar que eu poderia conseguir alguma coisa", Shogun disse.

Quando Shogun progrediu através do esporte, ele o recebeu o atributo ou - como alguns diriam o peso - da marca invencível após vencer 12 das 13 lutas no Pride. Com sua única derrota sendo para Mark "The Hammer" Coleman, resultado de uma lesão assustadora no braço. Recentemente, este ano, Shogun bateu tanto Coleman, quanto Chuck Liddell no UFC, dois lutadores que eram considerados imbatíveis.

Sendo assim, quando Shogun pisar no Octagon do STAPLES Center em Los Angeles na próxima noite de sábado, ele voltará a ser confrontado pela palavra que o seguia por anos - só que desta vez, é o campeão do UFC, Lyoto Machida, que é visto por muitos como um lutador que ninguém pode derrotar, nem mesmo Shogun. Esta é uma idéia que Shogun discorda, porque se nem Tyson, Wanderlei, Coleman, Liddell, ou até ele mesmo conseguiram manter o recorde impecável - é porque nenhum lutador é invencível.

"Acho que cada lutador tem áreas que podem ser exploradas, assim como cada lutador tem partes de seu jogo que são muito eficientes", ele disse. "A única coisa é que o Lyoto vem de um estilo diferente e desenvolveu um estilo único que as pessoas não estão acostumadas. Quando você luta contra alguém do Muay Thai ou do Boxe, você está diante de algo que você treinou toda a sua vida, o mesmo não pode ser dito sobre o estilo do Lyoto. Obviamente, nós acreditamos que há maneiras de combatê-lo, mas ele é um grande lutador e merece todos os elogios que está recebendo. Somente o combate dirá se estamos certos ou errados em nossos planos."

A resposta é típica da classe que Shogun tem mostrado desde sua estréia no MMA em 2002. Um ano depois, Lyoto entrou para o esporte também, e ambos são um exemplo de educação e desportivismo que deveriam ser mais aplicados no esporte hoje em dia. Nenhum dos dois está falando que vai acabar com o outro e não há nenhum tipo de animosidade entre os dois antecedendo a noite de sábado, e ainda assim o combate pelo cinturão atrai a imaginação do mundo, simplesmente porque é uma grande luta. É claro que quando a campainha tocar, os dois compatriotas vão lutar com unhas e dentes para deixar o Octagon com o cinturão de campeão até 93 quilos. Mas, por enquanto, existe muito respeito.

"Eu já conheço o Lyoto há muito tempo, nós já demos alguns treinos quando eu era da Chute Boxe há alguns anos atrás", Shogun disse sobre o campeão. "Ele é um cara muito legal, respeitoso e um grande lutador. Ele é altamente qualificado, focado e adaptou o que ele aprendeu para criar o seu estilo próprio de luta. Estilo esse que está funcionando muito bem."

E como tem funcionado! Ao todo são 15 vitórias sem derrotas, e os nomes Rashad Evans, Tito Ortiz, Thiago Silva, BJ Penn e Rich Franklin são apenas algumas das vítimas de Lyoto. Então, desde que a luta pelo cinturão foi anunciada, Shogun e sua equipe já tinham começado a montar um plano para derrotar o "The Dragon".

"Quando a luta foi assinada, a minha equipe preparou um monte de fitas dele e eu assisti a todas muitas vezes", Shogun disse. "É muito importante visualizar a sua estratégia e como implementá-la, assistir as fitas é uma boa maneira de começar. No entanto, deixo esta parte com a minha equipe. Tenho uma grande equipe que me apóia e eles viram as lutas dele, fizemos bem o trabalho de casa".

Não faz muito tempo que os adversários estavam perdendo noites de sono tentando decifrar os segredos do sucesso que Shogun teve durante os anos de 2003-2007 no Pride. Foi durante esse tempo que muitos viam Shogun como o melhor atleta até 93kg do mundo, mesmo ele nunca tendo conquistado o cinturão do UFC. Então a chegada de Shogun no UFC, em setembro de 2007, foi motivo de muita comemoração. Pois ele teria finalmente a oportunidade de responder a todos os questionamentos dos fãs.

Mas não foi como previsto. Shogun perdeu em sua estreia no Octagon para Forrest Griffin e, posteriormente, foi submetido a uma cirurgia no joelho para reconstruir um ligamento. Uma vez recuperado da lesão, ele voltou aos treinamentos e rompeu o mesmo ligamento pela segunda vez. De repente, uma corrida pelo título do UFC não era mais sua prioridade, mas ele insiste que a aposentadoria nunca foi um pensamento.

"No dia em que rompi meu ligamento e tive que fazer a segunda cirurgia seguida, eu fiquei muito deprimido e foi um momento emocional difícil para mim e minha família", ele se lembra. "No entanto, tenho uma grande mulher, uma família incrível e um grande grupo de amigos a minha volta, então rapidamente adquiri confiança e fui vendo o lado bom das coisas. Minha recuperação foi surpreendente e os médicos estavam sempre me incentivando. Todos ficaram espantados com minha recuperação. Então devido a tudo isso, e principalmente a minha fé e com o apoio da minha família, eu nunca me permiti pensar em aposentadoria”.

Depois de sua segunda cirurgia e todo o processo de reabilitação, Shogun retornou ao Octagon em janeiro contra seu velho inimigo, Mark Coleman, no UFC 93. E, embora o combate tenha sido considerado "A Luta da Noite", o desempenho de Shogun estave longe de ser excelente. No entanto, ele derrotou Coleman a apenas 24 segundos do fim da luta. Novamente, muitos se perguntavam se os melhores dias de Shogun tinham ficado para trás e ele ouviu todas as críticas.

"Eu acho que como lutadores, nós somos tão bons quanto a nossa última apresentação e temos que constantemente provar a nós mesmos", ele disse. "Foi muito difícil para mim e minha equipe ser alvo de tantas dúvidas e críticas, mas acho que isso é parte de ser profissional e temos que lidar com isso da melhor maneira possível. Eu também acredito que as pessoas esperam muito de mim porque eles realmente acham que eu posso ser melhor. Então eu vejo isso como uma coisa boa e é meu dever trabalhar duro e tentar calar os críticos".

Três meses depois, no UFC 97, em abril, um monte de bocas foram fechadas quando Shogun finalmente deu aos fãs do UFC o desempenho que eles estavam esperando ao nocautear Chuck Liddell no primeiro round. Foi a vitória que o levou a ser um desafiante pelo título contra Lyoto, e de quebra Shogun acabou se tornando o primeiro homem da história a nocautear seguidamente dois membros do Hall da Fama do UFC.

"Eu nunca pensei nisso dessa maneira", ele disse. "Quero dizer, estamos sempre concentrados em nossa próxima luta, então você não tem muito tempo para aproveitar a última. Mas ambos, Coleman e Liddell, são duas lendas do esporte, caras que eu cresci admirando e vendo lutar, então lutar contra eles foi uma grande experiência, em sequência então, foi ainda mais gratificante. Eles merecem todo o respeito pelo que fizeram ao longo de suas carreiras e acho que ainda veremos muito deles".

Mas ele não está focado no que aconteceu há alguns meses, ou como ele será lembrado em 20 anos pelos fãs da luta, e com razão. O que importa é sábado à noite e sua luta contra Lyoto, e para todos os fãs de Shogun, este é um momento de um otimismo silencioso porque com a vitória sobre o Liddell, ele começou a recuperar a mística que tinha no Pride. Mas não é estilo do curitibano falar para afetar o pensamento dos futuros adversários, que estão começando ter flashbacks de como ele acabava com suas lutas no Japão.

"Obviamente é sempre bom ser respeitado, pois este é o resultado de todo o trabalho duro que você fez em sua carreira, ao seu desempenho e ao que você tem feito", ele diz humildemente. "Mas quando a luta começa você apenas se foca no seu adversário e sobre o que você quer fazer, e reagir de acordo com o que a luta apresentar, e há tantas coisas que acontecem em uma luta que podem mudar tudo”.

É verdade, com um adendo - coisas que acontecem fora de uma luta também podem mudar tudo, como as lesões que o afastaram no passado. E isso é negativo. De positivo, Shogun ganha apoio de sua família, em especial sua esposa Renata, que está grávida, e isso ajuda a mantê-lo motivado para o que vem pela frente.

"Eu amo lutar", ele disse. "Este é o meu trabalho e algo que eu amo fazer. Quando eu decidi que queria tentar ser um lutador, como o meu irmão, eu sempre sonhei em lutar em grandes shows e ser campeão do mundo, para poder viver meus sonhos intensamente, me motivando a continuar treinando duro. Além disso, agora que estou casado, eu não luto somente por mim, luto pela minha família, meus amigos, e principalmente pela minha esposa e minha filha, em primeiro lugar, que vai chegar em janeiro. É uma grande responsabilidade ter uma família e isso me faz continuar em frente. Além disso, nem todo mundo pode fazer o que gosta para ganhar a vida, por isso é um prazer, mesmo que tenha o seu dia duro”.

Há poucas certezas no mundo do MMA, especialmente na semana da luta pelo título. Mas, felizmente, o que é garantido é que o homem que tiver o cinturão no final da noite - seja ele Lyoto ou Shogun - será o campeão incontestável. Shogun, aos 27 anos, acredita que ainda não vimos o melhor dele.

"Eu acho que eu sou um lutador mais experiente agora, estamos sempre aprendendo ao longo de nossas carreiras", ele disse. "Eu também acredito que quanto mais velho eu fico, mais forte eu fico e mais forte eu bato. Como lutador é meu dever continuar melhorando e evoluindo, assim eu espero ser capaz de continuar aprendendo para agradar aos fãs com um melhor desempenho. Eu ainda tenho muitas lutas a fazer, então eu vou trabalhar duro e dar meu melhor. (Quanto ao título) Isso vai significar muito, é meu sonho, mas eu realmente não penso muito sobre isso agora. Lyoto é o campeão e, justamente por isso, ele é o favorito. Eu sou o desafiante e meu foco está todo no Lyoto e em como vencê-lo. Tenho muito respeito por ele e pelo que o cinturão do UFC significa, por isso estou levando isso muito a sério e um passo de cada vez”.