Keith Jardine - Recarregado e Pronto para Hamill

Por Thomas Gerbasi

Uma das qualidades mais admiráveis em Keith Jardine é a de que ele não se deixa atrapalhar com as coisas. ‘Já estive lá e fiz isso’ poderia ser o lema do ‘Dean of Mean’, um cara que não se exalta ou se abala demais, e que consegue deixar boa parte das coisas acontecerem sem preocupação. 

Mas depois de um caminho complicado, onde perdeu três lutas em sequência,  quatro das suas últimas cinco, ele já está cansado de responder se a sua luta contra Matt Hamill, sábado, em Las Vegas, é daquelas onde a vitória é mais do que uma obrigação. 

“É, eu tenho ouvido muito isso ultimamente e estou cansado disso”, ele disse. Logo depois de me desculpar por perguntar isso, Jardine volta para a conversa e responde a pergunta, mostrando que é um cara verdadeiro e honesto com seus sentimentos e não tem pretensões de se tornar um ícone do esporte. 

“Eu não estou realmente pensando dessa forma. Estou concentrado em mim nesta luta e não estou preocupado com nada fora dela. Não estou preocupado com rankings do UFC, estou apenas pensando na luta. No passado, acredito que nunca tenha mostrado mais do que 80% do que sou realmente capaz. Meu objetivo é chegar aos 90%". 

Bem, se com 80% ele conquistou vitórias no UFC sobre Wilson Gouveia, Forrest Griffin, Chuck Liddell e Brandon Vera, ele não está mal não. Mas esses 80% também viram ele cair diante de Houston Alexander, Wanderlei Silva, Quinton Jackson, Thiago Silva e Ryan Bader. E é essa inconsistência que custou os últimos dois anos para o lutador. 

Uma sequência sem vitórias como a que Jardine se encontra pode acabar com um lutador, pois, em resposta, ele tenta analisar tudo o que está acontecendo e acaba perdendo seu instinto agressivo, que trouxe o sucesso em primeiro lugar. Mas Jardine fez exatamente o oposto. 

“Eu sou um cara muito esforçado e acredito que o trabalho duro resolve qualquer coisa. Então, depois de uma derrota difícil, eu simplesmente abaixava minha cabeça e voltava ao trabalho. Dessa vez tem sido um pouco diferente e eu realmente analisei tudo o que aconteceu. Sentei com meus técnicos e nós começamos a avaliar minhas lutas, o que fiz de certo, o que fiz de errado. E comecei a entender melhor meu jogo e meu estilo". 

Jardine precisa vencer neste final de semana e em Hamill ele irá encarar alguém que não é muito difícil de achar, o que pode ser uma coisa boa ou ruim, mas o morador de Albuquerque prefere enxergar como um ponto positivo. 

“Ele é um cara duro, um cara legal, e eu tenho muito respeito por ele. Ele gosta de lutar e está sempre indo para a frente, não gosta muito de se defender". 

E será essa a receita do sucesso para Jardine? 

“Eles poderiam me dar qualquer oponente no momento e eu estaria feliz. Eu tenho a oportunidade de lutar no co-main event TUF Finale e eu estou simplesmente extasiado de ter uma segunda chance na minha carreira".

E é o jogo mental que Jardine precisa para manter o foco e vencer aquela que pode ser a maior luta da sua carreira. E nada importa nesse momento mais do que a luta. 

“Quando você começa a se preocupar com o seu futuro, isso quer dizer que a sua cabeça está fora da luta e você não pode misturar as duas coisas. Você tem que lutar pelo prazer de lutar, pelo amor ao esporte". 

De alguma forma, é como se Jardine estivesse encerrando um ciclo ao lutar no card da final do The Ultimate Fighter 11. Ele já estave onde estiveram caras como Jamie Yager, Rich Attonito, Brad Tavares, Seth Baczynski, Kyle Noke, Josh Bryant, James Hammortree e Chris Camozzi. 

Agora o veterano da segunda temporada do TUF se encontra na mesma posição, lutando por uma nova vida e para retornar onde já esteve antes. E, por incrível que pareça, isso recarregou suas baterias. 

“É uma oportunidade incrível. Eu achei que era bom demais para ser verdade quando me convidaram para lutar, então estou muito, muito, muito confiante. Vocês verão um lutador um pouco diferente no sábado".