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Jon Jones - A evolução do 'Ver-e-Fazer'

Por Thomas Gerbasi  

      

Jon Jones ficou no octógono, na noite de 5 de dezembro de 2009, decepcionado, mas com a cabeça erguida. Sem choramingos, sem reclamações, sem explosões de raiva depois de sua derrota por desqualificação contra Matt Hamill.   

"Eu ouvi muitas vezes que quando você é derrotado, você volta uma pessoa melhor e mais forte", disse Jones ao comentarista do UFC, Joe Rogan, após a luta nacionalmente televisionada. "Independentemente do resultado, Deus ainda é muito bom para mim e a vida é ótima e eu estou muito grato por ser saudável. Tudo acontece por uma razão".      

Em um mundo cheio de chorões, queixosos, e explosões de raiva, foi uma atitude impressionante. Mas o que o tornou ainda mais impressionante foi que minutos antes, Jones estava impondo a melhor definição de domínio total sobre seu oponente. Desde o sinal que indicou o início do primeiro round contra o ultra-resistente Hamill, Jones controlou seu colega de faculdade, levando-o ao chão, deslocando o ombro no processo, e em seguida, desencadeando um ground and pound que muitas pessoas no Pearl at The Palms gritaram para o árbitro Steve Mazzagatti para interromper a luta.         

Momentos depois, ele interrompeu, mas só depois que Jones aplicou uma série de cotoveladas ilegais que o forçaram a desqualificação. Era o fim do cartel perfeito no MMA de 'Jonny Bones', mas a derrota se transformou em uma vitória pela forma com que ele reagiu.        

"Fora do octógono sou muito relaxado, um cara maduro e tenho muito sangue-frio", explicou Jones. "Assim, uma vez que a luta acabou e foi tomada a decisão, eu não ia chorar sobre o leite derramado. Não havia nada que eu pudesse fazer sobre aquilo. As coisas acontecem por uma razão e eu continuava a melhorar e continuava a trabalhar no meu jogo. Eu não estou preocupado com uma vitória ou uma derrota. Eu acho que tudo isso é apenas experiência."         

Sim, ele tem apenas 22 anos. Mas como maturidade não vem da noite para o dia, é desenvolvida ao longo de anos e anos, e para Jones isso não veio só de sua família, mas de seus mentores e treinadores.         

"Foi apenas a maneira como fui criado", ele disse. "Meu treinador de wrestling na escola, sr. Jack Stanbro, sempre nos ensinou a agir com classe, não importava o que acontecesse. Tive derrotas na minha carreira de wrestling, e ele era o tipo de treinador que cada vez que tinha uma reunião, nós precisávamos ir de terno e gravata e se perdêssemos, ele não queria ver falta de esportividade. É o que sou, está incorporado em mim e é o que eu tenho."         

Jones não me lembra nenhum lutador, do passado ou do presente, mas do virtuoso guitarrista Jimi Hendrix. Tá bom, deixa eu explicar. Acesse o youtube e procure qualquer entrevista de Hendrix, você vai ver e ouvir um músico suave e descontraído, muito diferente do showman que praticamente atacava sua Fender Stratocaster no palco. Jones tem semelhanças em sua personalidade e virtuosismo no seu estilo. Fora da competição , ele é um jovem de 22 anos - que gosta de fazer piadas, descontraído, sempre com um sorriso no rosto. Mas quando a campainha toca, as brincadeiras param e ele se torna um homem perigoso com o tipo de estilo de luta pouco ortodoxo que faz dele um inferno para qualquer um até 93 quilos. E se você quiser ver a ferocidade, olhe para os últimos 90 segundos da luta contra Hamill.        

 

É por isso que o mundo da luta está tão entusiasmado com a ascensão de Jon Jones. Ele tem sido chamado de 'o próximo grande nome' desde sua estréia no UFC contra André Gusmão, em agosto de 2008, e decepcionou com as duas vitórias seguintes sobre Stephan Bonnar e Jake O'Brien, bem como a derrota para Hamill. Revistas o colocam na capa, websites cobrem todos os seus movimentos, e seus colegas na academia de MMA de Greg Jackson em Albuquerque são só elogios. Esses aspectos podem influenciar qualquer lutador, principalmente um de 22 anos. Mas, no olho do furacão, ele permanece calmo.      

   

"Eu tenho crianças em casa, isso realmente me mantém em casa e me deixa com os pés no chão", disse Jones, que tem dois filhos com sua noiva Jessie. "Se eu não fizer nesse esporte, eu ponho minha família em risco. Eu não posso me dar ao luxo de perder, e eu não posso me dar ao luxo de não levar isto a sério".   

    

E, novamente, Jones não confia apenas em si mesmo para manter as coisas em perspectiva, ele opta por orientação com as pessoas que estão próximas.

         

"Greg Jackson, a equipe e todos os meus amigos são mais velhos do que eu, então eles sabem que eu sou jovem", ele disse. "E como todos os meus amigos são mais velhos, todos eles são como irmãos mais velhos; figuras de pai e tios, e eles não vão permitir que o seu irmão mais novo se perca pelo caminho. Então eu nunca fico vislumbrando dentro do MMA. Agora é tudo que eu tenho neste mundo, é meu tudo e potencial desperdiçado é muito triste. Eu estou ciente disso, assim me mantenho focado, tento melhorar e agora é a hora para um cara como eu. Eu sou jovem, eu estou chegando, estou ficando melhor com as coisas e agora é quando eu preciso dedicar minha vida para isso. Um dia eu quero ser o tipo de atleta que luta como Anderson Silva e como GSP (Georges St-Pierre), e sei que ter um grande caráter fora do octógono faz parte de ser um atleta de sucesso. Eu apenas tento mostrar classe e eu quero mostrar ao mundo que não somos lutadores ignorantes".      

   

Desnecessário dizer que todos os ingredientes estão lá para Jones, para um dia se juntar a Anderson e St-Pierre no topo da lista peso-a-peso, mas depois de apenas quatro lutas UFC (dez no total), e como ele atuou nelas, esse dia provavelmente vai chegar. Entretanto, existem outras questões que vem primeiro, e para Jones, é o grande passo que ele dará neste domingo contra Brandon Vera.    

     

Os preparativos para este intrigante combate do evento principal se concentraram em Vera, que já teve o status de 'o próximo grande nome', diante da 'nova arma' da cidade em Jones. Isso é definitivamente um ângulo de marketing válido, e no papel, os dois têm abordagens similares no esporte, em termos de Wrestling sólido e trocação. Vera tem como armas o Jiu-Jitsu, e um jogo em pé mais técnico, mas a imprevisibilidade do estilo de Jones não deixa ninguém ter vantagem.        

Mas quando se trata disso, pequenos detalhes são muito importantes e Jones acredita que ele já se atentou para isso. Quer um exemplo? Basta olhar sua última luta contra Hamill.        

 

"Eu senti como se tivesse Matt Hamill dentro da minha cabeça", Jones disse. "Eu assisti tanto vídeos sobre ele que eu sabia suas tendências, então eu comecei a marcar ele, eu sabia quando ele ia abaixar as mãos, ou quando ele ia fazer isso ou aquilo. Eu tinha muita fé no meu treinamento também. Temos grandes estrategistas, e nós temos caras que trabalharam em técnicas específicas, corrigindo minhas fraquezas e sendo uma imitação do meu adversário".         

Jones também tem isso quase como uma religião quando se trata de assistir vídeos, e como Vera tem 11 lutas do UFC, até agora, ele teve uma quantidade enorme de imagens para estudar. 

        

"Um dos motivos do combate contra o Brandon Vera ser tão empolgante é porque eu prestei atenção a cada uma das suas lutas", ele disse. "Eu assisti a todas as suas derrotas pelo menos umas 50 vezes. Eu estudei as suas tendências, o que é preciso para desmanchá-lo, tudo isso".        

 

Mas será Vera está fazendo a mesma coisa?        

 

"Os caras que estudam minhas lutas, eu tento dar-lhes uma evolução, e eles vão ver um estilo totalmente diferente a cada luta", ele responde. "Então é muito difícil agora prever o que vou fazer na minha próxima luta, porque cada luta é muito diferente e eu vou voltar um lutador completamente diferente para um adversário completamente diferente".      

   

Boa resposta, no entanto, independentemente da quantidade de estudo que cada homem tem feito, o exame final é no domingo, em Denver, Colorado. Jones tem o seu lápis apontado e ele está pronto. Quanto à pressão de passar ou não por este teste, ele coloca tudo sobre os ombros de Vera.      

   

"Eu vejo um cara que precisa vencer", disse Jones de Vera. "Não que o UFC vai cortá-lo, mas acho que ele precisa da vitória. Tenho certeza que ele não quer perder para o cara novo e eu tenho certeza que ele está sob pressão. Sua reputação está em jogo. Ele era o cara, novo e entusiasmante, e agora alguém está chegando e tentando tomar o título de 'o cara empolgante da divisão dos meio-pesados' dele. Então, é onde a pressão está para ele, eu não tenho nenhuma pressão. Eu só tive a minha primeira derrota, e eu sou um cara que realmente quer ganhar. Querer ganhar cria energia, e a necessidade de ganhar cria frustração e cansaço."          

Sim, ele tem apenas 22 anos.