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Daniel Gelo: Quando a falta de foco cobra seu preço

A balança para o lutador é muitas vezes pior que os próprios adversários    

Muitos lutadores dizem que o primeiro adversário antes de uma edição do UFC é a balança.

Especialistas garantem que o bom desempenho no Octógono depende, em grande parte, do planejamento para o corte e recuperação de peso. Passar fome, desidratar, perder muitas vezes mais de 15kg e depois recuperar peso e líquido corretamente para se apresentar na melhor forma possível é um processo minucioso, um calvário para a maioria dos atletas. No oitavo episódio do The Ultimate Fighter Brasil 2, Daniel Gelo sentiu isso na pele. Gelo não atingiu os 77 kg da sua categoria (meio-médio), o que resultou na eliminação definitiva do programa. Ao contrário dos demais participantes derrotados nos confrontos, Gelo foi direto para casa. Teria sido uma decisão demasiadamente severa contra Gelo? Se analisarmos friamente, tem fundamento.  
     
Lutadores com problemas com a balança não são novidade no UFC. O brasileiro Thiago "Pitbull" Alves, por exemplo, passou por isso na organização em pelo menos três oportunidades. É um tipo de situação que não irrita apenas os organizadores do evento, mas os próprios adversários, que sofreram para vencer a balança. Estar dentro do limite da categoria na pesagem é visto como obrigação. Para um desafio com o período de preparação de pelo menos três meses, não cumprir tal responsabilidade é umGelo entrando na casa deslize grave e, por isso, os lutadores estão sujeitos a multas.      Dependendo da situação, o atleta recebe tempo extra para uma nova chance na balança. Mas no UFC Rio 2, por exemplo, Anthony Johnson se apresentou 5 kg acima da categoria para enfrentar Vitor Belfort. Houve um acordo e Johnson teve que ceder 20% da sua bolsa a Vitor. Pior ainda, Johnson acabou derrotado e o revés, provavelmente aliado à sua indisciplina no cumprimento dos deveres contratuais, resultou na demissão.  
     A situação vivida por Daniel Gelo tem semelhanças com a de Anthony Johnson, embora seja em um contexto diferente. Ao contrario do americano, que teve bastante tempo na preparação para Belfort, no TUF Brasil 2 os lutadores têm que estar prontos para combater a qualquer momento. Portanto, é importante estar próximo do limite da categoria.    
   Gelo teve dificuldades no corte de peso, se apresentou 1,600 kg acima. A regra da Comissão Atlética, que chancela o esporte, não permite que o lutador perca mais de 1 kg num período de uma hora, visa respeitar a integridade física dos envolvidos. O desafio não fazia parte de uma edição do UFC, era em um reality show, onde as regras são ainda menos flexíveis. Por conta disso, ao contrário de Johnson no embate contra Belfort, não havia chance de negociação. Cleiton Foguete, que cumpriu o seu dever, automaticamente passou para as quartas-de-final do TUF Brasil 2. Já Gelo pagou caro: além de ser eliminado, não vai mais sequer seguir nos treinamentos do Time Werdum, expulso do programa.           Uma decisão dura, mesmo para um personagem estigmatizado pela polêmica. Vale lembrar que sua entrada na casa do TUF, substituindo o contundido Yan Cabral, foi vista com desconfiança pelos outros concorrentes. Também houve a discussão ferrenha com Wanderlei Silva. Mas será que foi uma decisão equivocada?             A verdade, nua e crua, foi sintetizada perfeitamente por um dos membros da equipe adversária da de Gelo. Luiz Dórea, treinador de boxe do Time Nogueira, resumiu: "Numa oportunidade única como o TUF Brasil, não tem como perder para a balança".           Realmente, para ser lutador do UFC é necessário vencer qualquer barreira, se doar ao máximo, se superar. Quem assim fizer, mesmo que acabe derrotado no Octógono do TUF Brasil 2, ficará mais próximo do sonho. É cruel, mas no TUF perder para a balança é inadmissível.