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Court McGee - Vivo

Por Thomas Gerbasi

 

A assinatura de um autógrafo é geralmente apenas um momento na vida de um atleta profissional. Assine seu nome, sorria, tire uma foto ou aperte a mão, e quem é o próximo? Mas foi pouco mais do que isso para Court McGee quando foi abordado por um jovem fã.     

    

"Um menino veio até mim e queria meu autógrafo e eu não sabia o que escrever", ele disse. "Eu sentei e pensei sobre isso e eu sempre dei duro desde que eu era um menino, isso foi ensinado pelos meus pais, então eu coloquei, 'sempre trabalhe duro e nunca desista de seus sonhos'".    

    

Para alguns, pode ser uma frase descartável; para Court McGee é a motivação para não voltar a viver um período de três anos angustiantes, que viu sua vida cercada por drogas e que ainda se viu declarado clinicamente morto, após uma overdose de heroína em 2005. Ele finalmente estava sóbrio, e permanece assim até hoje, mas com sua passagem recente no The Ultimate Fighter, as perguntas sobre seu passado vêm em uma forma rápida e furiosa, fazendo com que você se pergunte se reviver aqueles dias se torna mais e mais um encargo para o nativo de Utah.     

    

"Não, não é difícil, e a razão disso é porque eu estou em paz com aqueles que eu prejudiquei, e se eu tenho que contar a minha história e isso dá estímulo para alguém se levantar e fazer algo diferente, então é vale a pena", ele disse. "Eu não me debruço sobre o passado, nem posso fechar a porta sobre ele e esquecê-lo, porque eu estou em uma linha tênue para voltar com os problemas com drogas, remédios ou bebidas que tive há quatro anos e meio. Essa é a coisa assustadora. Assim, contando a história, minha memória fica ligada em como eu estava naqueles dias tristes. Mas o meu pior dia sóbrio é dez vezes melhor que o meu melhor dia chapado".     

    

Considerando a sua história, entrando no octógono e socando alguém por 15 minutos ou menos não parece tão ruim quanto a vida alternativa que ele costumava levar. Mas não é nenhuma caminhada fácil, ou seja, McGee tomou o caminho mais difícil para a glória, e ele tem as cicatrizes para provar isso.     

    

"Eu não comecei nisso por diversão, eu não fiz isso porque eu queria que as pessoas me vissem como um lutador de MMA, eu fiz isso porque eu amava o esporte", disse. "Eu tenho orelha de couve-flor, os cortes, o nariz quebrado e rompimento disso ou daquilo quando estava treinando e colocando o meu corpo com tantas feridas e tanto trabalho para chegar onde estou hoje. Eu não tive nada de graça, nem quero. Eu quero ganhar isso".    

    

Um wrestler de longa data e praticante de karatê, McGee comenta que sua jornada atlética continuaria na faculdade, mas na escola que ele terminou os estudos, Weber State University, não tinha nenhum programa de wrestling, e foi aí que seus problemas com as drogas começaram. No final de 2006, ele foi ressuscitado, literalmente, e começou a perseguir seu sonho de se tornar um lutador profissional, enquanto, também trabalhava como encanador comercial.     

    

McGee venceu seus primeiros seis compromissos, incluindo uma finalização sobre o futuro lutador do UFC DaMarques Johnson, e então assinou uma luta para enfrentar o  veterano competidor Jeremy Horn no dia 1º de dezembro de 2007. Uma semana antes da luta, McGee tentou entrar no The Ultimate Fighter. Mas não foi selecionado.     

    

"Estou contente por não ter conseguido, acho que não estava pronto", disse McGee, que tinha apenas um ano de sobriedade.     

    

Ele perderia para Horn por decisão unânime, a sua única derrota como profissional e, em seguida, a estrada começou a ficar verdadeiramente difícil.     

    

"Eu tive algumas lesões, tive algumas lutas muito duras, eu vivia quebrado, e eu tinha uma família", disse McGee, que tem um filho, Isaac, com sua esposa Chelsea, e um outro filho vindo. "Eu passei por um monte de coisas e realmente questionei meu coração sobre querer ser um lutador de MMA profissional. A rota mais fácil era voltar a ser um encanador, trabalhando de 9:00 às 17:00. Mas eu decidi ficar nessa estrada".     

    

Ele até teve uma luta de boxe profissional (ele é 2-0 como boxer profissional), na noite de sua despedida de solteiro, e recebeu R$ 200 por round, faturando uma vitória por decisão após o quatro assaltos.    

    

"Fiz 800 dólares, fui exigido por quatro rounds e nunca apanhei tanto em toda a minha vida", ele sorriu.     

    

Mas depois de três vitórias após a derrota para Horn, outra chance no The Ultimate Fighter apareceu, e desta vez, McGee recebeu o telefonema.     

    

"Eu era bem desconhecido quando eu cheguei no show", ele disse. "Eu fui o ante penúltimo escolhido e ninguém sabia quem eu era, só que lutei com o Jeremy. Eu realmente não tinha um recorde fascinante, eu não tenho um monte de nocautes e tinha um monte de lutas de três rounds, mas acho que funcionou a meu favor".      

    

E depois que todo mundo teve uma dose do seu estilo de cair para dentro, McGee começou a emergir como um dos favoritos de seus treinadores, Chuck Liddell e John Hackleman, e até mesmo para o presidente do UFC Dana White, que não hesitou em trazê-lo de volta depois a derrota controversa por decisão majoritária para Nick Ring.     

    

McGee se aproveitou dessa segunda oportunidade, derrotando James Hammortree e Brad Tavares para ganhar um lugar na final de sábado contra Kris McCray. E agora que as seis semanas na casa acabaram, ele pode olhar para trás com um objetivo.     

    

"Eu não tenho expectativas para o show, porque eu não quero me decepcionar ou chegar lá meio que oprimido", ele disse. "Mas foi bom ter dois, um dia, sem se preocupar com o meu telefone ou qualquer outra coisa e apenas lutar. Mas foi também uma das coisas mais difíceis que tive que fazer".      

    

O que pode ter sido mais difícil é que essa temporada não teve nada fora de foco, treino e confrontos duros. Os lutadores da casa chegaram para lutar, foi o que fizeram, deixando um rasto de lesões atrás deles.     

    

"Ninguém bebeu nas duas primeiras semanas", disse McGee. "Você tinha seis ou sete caras na casa dispostos exclusivamente a lutar, caras que seriam uma força se estivessem no UFC. E por outro lado, alguns caras que tinham poucas credenciais estavam se saindo bem. Quase todo mundo naquela casa era um legítimo lutador, e todos eles elas estavam tentando fazer isso em tempo integral, como uma carreira. E assim o nível da competição foi um pouco melhor, e acabou por ser uma competição muito boa. Mas você acaba tendo ombros e joelhos estourados, cortes e mãos quebradas, pés todos arrebentados, e o bom é que isso é retratado como realmente é. Muita gente acha que a luta é só glória, mas se você está fazendo isso pela fama e fortuna, você está no esporte errado".      

    

McGee pode ter que se acostumar com isso se ele vencer The Ultimate Fighter neste sábado, mas não espere que ele mude. Ele ainda faz isso porque ele adora, e tem mais para ele nessa do que o óbvio, sua recuperação. Como ele diz, "meu trabalho hoje é estar em um lugar onde eu estou tendo utilidade máxima para os outros, e se eu puder ajudar uma pessoa sair da m**** que eu estava, se eu posso fazê-lo, qualquer um pode fazer isso. Eu estava desesperado, impotente e viciado em drogas e eu não tinha mais nada, e eu saí dessa. Recuperação e ficar sóbrio vêm primeiro, depois vem a minha família e, em seguida vem a minha carreira na luta".     

    

E ele nunca vai esquecer a lição mais importante de todas.     

    

"Sempre trabalhe duro e nunca desista de seus sonhos".