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Thiago Tavaves - O retorno do fenômeno brasileiro

Por Denis Martins

Como todos sabemos, as Artes Marciais Mistas são um esporte de alto impacto, onde os lutadores têm de lidar com dores nos treinamentos e nas lutas o tempo todo. Então, quando um lutador precisa se preparar para um combate, ele às vezes acaba adquirindo uma lesão que o tira da luta ou o faz entrar no Octógono sem poder apresentar 100%.

Thiago Tavares, o lutador brasileiro que irá encarar Nik 'The Carny' Lentz no UFC Fight Night de hoje em Fairfax,Virginia, sofreu muito com lesões no ano passado. Depois de passar por uma cirurgia no joelho há alguns anos, ele teve que pular fora do confronto contra Melvin Guillard no UFN 18 por conta de uma nova lesão no cotovelo. Ele se recuperou e teve a oportunidade de encarar Jim Miller no UFC 103, mas teve de se afastar novamente por conta de uma nova lesão no joelho.

"O treinamento duro voltou a lesionar o meu joelho. Foi o meu menisco e essa é o tipo de lesão que vai piorando gradativamente. Eu aumentei meu treino para a última luta e o nível de dor foi absurdo. Eu cheguei a um ponto onde não conseguia mais treinar".

Ainda um jovem lutador, Tavares, de 25 anos, superou o obstáculo da lesão e voltou com força total para o combate de hoje. Mas no ano passado, quando foi forçado a abandonar a luta contra Miller, ele ficou muito abatido, evitando falar no assunto e tentando entender o que estava acontecendo. "Eu não estava incomodado com a nova cirurgia, mas sim com ter que abandonar uma luta novamente.

"Eu estava muito bem treinado, focado e não podia mostrar nada que tinha treinado. Nós (lutadores) treinamos por meses para provar nosso valor em 15 minutos de combate e, naquela ocasião, não pude provar. Eu queria ficar sozinho. Essa foi a forma que encontrei de manter minha cabeça erguida".

Esse jeito particular de superar dificuldades não pertence ao estilo de Tavares, que é engraçado, alegre e de fala tranquila. Aqueles que não o conheciam na época podem ter interpretado mal a sua atitude, mas não por muito tempo, pois uma vez que você começa a conhecê-lo e ouve o seu peculiar 'E ai meu galo', percebe o tipo de pessoa que ele é. Tavares popularizou a frase quando viveu nos Estados Unidos e na Holanda, países onde ele não apenas treinou representando o American Top Team e a Gym Alkmaarr, mas fez amigos também.

"Eu morei 12 meses na Holanda e 12 nos Estados Unidos. Tive a oportunidade de solidificar as amizades com brasileiros que estavam aqui comigo, assim como fazer novos amigo. Mas eu nasci em Florianópolis, aquela ilha linda em Santa Catarina, então, ficar longe de casa, professores e amigos foi bem difícil".

O retorno para Florianópolis não o impediu de continuar a treinar com os melhores, uma vez que ele passou a ter a companhia da Brazilian Top Team e do Minotauro Team, antes de voltar às suas raízes,a sua primeira equipe, a Ataque Duplo, do campeão de jiu-jitsu, Murilo Rupp.

"Minha equipe possui lutadores excelentes como Ivan Jorge, Nazareno Malegarie e Ricardo Tirlone e o treinamento é incrível. Aqui eu consigo a atenção necessária e a evolução é notória. Para falar a verdade, eu ainda mantenho um intercâmbio com a ATT, pois lá é a minha segunda casa, onde estão os amigos que fiz, e que me deu a oportunidade de treinar na BTT e Minotauro Team".

Claro que por conta dessa grande experiência em treinamentos, Tavares não ouviu apenas comentários positivos. Por um tempo, os fãs de luta acreditavam que a falta de consistênci a era a causadora das suas duas derrotas seguidas para Matt Wiman e Kurt Pellegrino.

"Eu não concordo. Eu perdi por estar em um momento de transição. Estava melhorando meu jogo e lutei contra grandes atletas".

Durante a sua carreira no UFC, Tavares (18-3 no total) se encontrou em uma situação bem peculiar ao ter sido chamado, inicialmente, de fenômeno depois do triângulo em Jason Black (UFC Fight Night) e depois ver sua reputação ir por água abaixo na derrota por decisão para Pellegrino. Incerto sobre a reação em relação a ele agora, Tavares prometeu não repetir os erros contra Lentz.

"A pressão é constante na minha vida, desde quando eu era uma criança lutando judô. Isso fez apenas com que eu me envolvesse mais e treinasse mais. Eu aprendi que um homem é o que faz, então, eu tento sempre fazer tudo da melhor maneira possível".

Ainda assim, a maior decepção da sua carreira no UFC até agora foi a única derrota por nocaute, cortesia das mãos de Wiman. E isso ainda é um negócio mal resolvido. "Eu quero encarar os três caras que me derrotaram, mas na minha opinião quem gostaria mais e preciso enfrentar novamente é o Wiman. Ele é um grande lutador, mas eu estava vencendo aquela luta até ele acertar aquele soco e me nocautear. Eu preciso de uma nova oportunidade contra ele para consertar os erros que cometi".

Mas enquanto o seu primeiro impulso é deixar claro que quer uma revanche contra Wiman, ele logo se corrige e mostra maturidade, declarando que sabe que dentro do Octógono é um passo de cada vez. Agora é a vez de Nik Lentz no seu caminho e só depois da luta Tavares poderá caminhar em outra direção. "Meu foco é o Lentz, sem dúvida. Ele possui um excelente condicionamento, bons golpes, uma perigosa guilhotina e mãos rápidas. Mas eu tenho o antídoto para o seu jogo e é um mix do que sou capaz, minha habilidades e tudo que desenvolvi recentemente. Se os fãs notaram minha evolução na última luta (contra Manny Gamburyam no UFC 94), quando eu entrar no Octógono para encarar Lentz, ficará ainda mais evidente. Minha confiança é alta quando se trata disso".

Ele continua.

"Sempre que eu entro em uma luta, estou disposto, literalmente, a morrer. Esse é o meu jeito de pensar. Eu acredito que se meu adversário não está disposto a me matar, ele irá cair, porque eu estou disposto a matá-lo".