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Qual luta do UFC ou do Pride mais marcou você

Por Martins Denis

Todo mundo tem um a luta predileta, aquela que não sai da mente, e principalmente quando o assunto são eventos com os melhores lutadores, fica complicado escolher apenas uma. Eu estou certo que tem gente com mais de dez lutas favoritas, mas existe uma que é inesquecível.  

Tratando-se de UFC e Pride, eventos idealizados na década de 90, sua busca por uma luta considerada a mais empolgante, seja lá por qual motivo, não é tarefa das mais fáceis. Uma infinidade de bons atletas, grandes combates e passagens memoráveis se misturam e dificultam uma escolha definitiva. Sempre existe aquela que teve o final mais surpreendente, o desenrolar mais equilibrado ou que se traduziu de forma muito mais dura do que você esperava. 

Querendo colocar a prova essas escolhas, reuni os dez repórteres do UFC.com em uma missão: apontar qual é a luta que marcou cada um deles nesses anos de história que UFC e Pride possuem. É claro que, por se tratar do pessoal "da casa", dei uma aliviada. Só valeriam lutas que tivessem um brasileiro envolvido. Melhorou um pouco? Não muito, uma vez que o Brasil é o maior produtor de atletas de elite no mundo em todos os pesos, e até os repórteres chegarem a uma conclusão, ouvi muitas lamentações por terem que escrever apenas sobre um combate e não mais que isso. 

Abaixo você confere a relação e adianto que - na derrota ou na vitória - Rodrigo

Muitas das lutas estão no nosso armazém, o UFC Vault, então se você ficou curioso sobre algum combate que você não teve oportunidade de assistir acesse já http://www.ufc.com/live    

"Minotauro" Nogueira é o atleta brasileiro que mais impressiona pela raça apresentada em suas lutas. Não é para menos que dos dez embates relatados, ele aparece em quatro.    

 

Thomas Gerbasi    

Rodrigo "Minotauro" Nogueira vs Bob Sapp / Pride Shockwave, agosto de 2002.  

Minotauro tinha uma desvantagem no peso de mais de 45 kg diante de Sapp e seus 1,96cm e seus 159kg e, logo no princípio da luta, Sapp arremessou Minotauro de cabeça no chão (pilão) mais de uma vez. Eu imaginei que Sapp tinha matado o Rodrigo, mas lentamente ele foi se recuperando e depois de sofrer mais um castigo, ele finalizou um exausto Sapp no segundo round. Essa foi umas das maiores demonstrações de raça e técnica que eu já tive oportunidade de assistir, não apenas no MMA, mas em todos os esportes. Depois da luta eu perguntei ao Rodrigo o que se passava na cabeça dele quando o Sapp aplicou aqueles pilões. Ele disse, "Eu estava pensando, 'Ele vai ficar cansado, ele vai se cansar'. Toda vez que ele fazia aqueles movimentos de muita força eu estava bem, porque eu sabia que ele estava gastando muita energia com aquilo".     

 

Martins Denis 

Marco Ruas vs. Paul Varelans / UFC 7, setembro de 1995 

Há 15 anos, palavras como internet, download, play-by-play e DVD pareciam língua de outro mundo no Brasil. A dificuldade em acessar um material de lutas com toda essa carência era muito grande, e isso fazia das gravações em VHS verdadeiras jóias. Graças a um amigo do meu pai, que não gostava de lutas, mas que gravava o UFC, eu pude assistir a sétima edição do evento com "apenas" 72 horas de atraso. Aquilo foi um marco na metade dos anos 90 e o torneio daquela noite em Buffalo, New York trazia um marco também, o brasileiro Marco Ruas. Tinha ouvido pouco dele até então, o que trouxe surpresas e sustos durante a competição. Marco chegou na grande final contra Paul Varelans, um lutador do Alaska que usava e abusava dos seus 2,04cm e 137kg. O brasileiro lutou mais de 15 minutos, se somarmos as quartas de final e semis, já Varelans tinha despachado seus dois primeiros adversários em pouco mais de um minuto.     

Embora eu temesse pelo pior, uma vez que Varelans não tinha se desgastado e entrava contra o brasileiro para impor suas avantajadas medidas, foi Marco deu as cartas com uma série de low-kicks que magoaram a perna esquerda do gigante. Um frio correu pela minha espinha aos 2:04 quando Varelans encaixou uma guilhotina e levantou Marco do chão, eu falei, "Será que ele vai ganhar com essa grosseria?" Mas sem técnica e com a calma do brasileiro, ele acabou soltando. Chute após chute Marco foi minando a resistência do urso polar do Alaska e quando o relógio chegou aos 13:09 ele acertou o low-kicks derradeiro que fez Varelans desabar, completando o serviço com uma saraivada de socos na cabeça. Mais uma vez um brasileiro conquistava o cinturão do UFC em uma clássica batalha Davi vs. Golias.  

   

Mike Russell  

Rodrigo "Minotauro" Nogueira vs. Josh Barnett / Pride - Shockwave, dezembro de 2006.   

Considerando que o primeiro encontro dessas duas estrelas do Pride nas semifinais do GP peso aberto de 2006 foi uma luta lá e cá parecida com muitas que eu já tinha visto antes. Definitivamente eu estava empolgado quando fiquei sabendo que eles se enfrentariam de novo alguns meses depois no Pride Shockwave 2006. O segundo confronto não desapontou.   

Apesar da queda que Barnett aplicou no começou do segundo round, a luta rolou quase toda em pé, o que foi um pouco surpreendente pois ambos os atletas são conhecidos por suas habilidades na luta de solo. Minotauro esteve perto de finalizar Barnett no terceiro round, mas cometeu um erro de principiante que quase lhe custou a derrota. Deixando seu pescoço exposto por segundos enquanto tentava uma queda, Minotauro foi pego com uma justa guilhotina. Encaixada, por longos 28 segundos, ela parecia um estrangulamento impossível de se livrar, até que finalmente Minotauro saiu e permaneceu marcando pontos sobre um esgotado Barnett até o gongo final, que declarou o brasileiro vencedor por decisão unânime. Eu me lembro de falar com um amigo depois daquela luta, "Cara, Minotauro tem muita raça, eu adoraria vê-lo lutar no UFC algum dia".    

  

Debie Lee   
Gabriel "Napão" Gonzaga vs. Mirko "Cro Cop" Filipovic / UFC 70, abril de 2007)     

Apesar do croata importado do Pride ser o franco favorito no UFC 70, foi Napão que ditou o ritmo e impôs a maior parte da ação no primeiro assalto. Com a luta no chão, o brasileiro estava atacando de dentro da guarda de Cro Cop quando - faltando apenas 30 segundos para o término - o árbitro Herb Dean os colocou de pé. "Ótimo", eu imaginei, "a vantagem dele foi interrompida".       

Mas então veio o baque ouvido no mundo inteiro.   

Lançando um chute na cabeça e derrubando Cro Cop a segundos do fim, Napão conseguiu as honras do nocaute da noite, faturou uma luta pelo cinturão e fez o perigoso oponente provar de seu próprio veneno. Mais tarde, Napão confessou ao UFC.com que o treinamento para essa luta o fez chorar por mais de uma vez, ele entra para seleta lista de lutadores que mais mereceram a vitória naquele ano, pelo menos para mim.   

   

Frank Curreri 

Frank Mir vs. Rodrigo "Minotauro" Nogueira / UFC 92, dezembro de 2008.     

A luta que não sai da minha cabeça é a entre o Minotauro e o Frank Mir… Okay, eu sei que é uma escolha estranha, especialmente porque o Minotauro perdeu e lutou muito mal. Mas para mim, assistir a aquela luta no MGM Grand Arena foi uma experiência totalmente surreal. Antes eu estava certo que o Minotauro - apesar de tudo que ele passou ao longo de sua carreira - seria o vencedor. Foi uma grande surpresa. O jiu-jitsu dele era superior ao do Mir, eu argumentava, e o boxe dele, gás e raça eram bem maiores também. A única vantagem que eu daria ao americano era relacionada ao seu tamanho e força. Mas Mir tinha uma reputação de ser preguiçoso e se apresentar fora de forma. De maneira alguma Minotauro perderia. Então na noite que eles lutaram, eu não pude acreditar no que eu estava vendo, eu não pude crer como Mir estava tirando o Minotauro para nada em pé e com que freqüência o americano fazia a cabeça de Minotauro ir para trás com seus socos. Parecia um filme do Rocky Balboa ou algo assim. Eu ficava imaginando, "Ah, esse é o estilo do Minotauro, ele vai deixar o Mir fazer isso e depois volta com tudo e vai dar números finais a luta". Mas sua cabeça continuava a sofrer com o castigo e apesar de ter um queixo de aço, ele sofreu três knock downs. Era inacreditável o que eu via. Mir estava muito a vontade em pé - atuando com um Frank Mir que existia apenas em nossas imaginações e que inexplicavelmente tinha tomado forma naquela noite.      

Minotauro, um dos maiores lutadores da história, parecia um zumbi. A forma com que os dois se apresentaram naquela noite realmente confundiu minha cabeça.   

Quando eu encontrei Frank Mir algumas semanas depois, eu apertei a mão dele e fui franco, "Mir, eu achei que você seria trucidado. Eu não apontava você como vencedor. Você me impressionou".      

Então, quando eu achava que o Minotauro iria perder a motivação, ele retorna e vence Randy Couture. Que guerreiro! Acho que nunca vai existir alguém ao menos parecido com ele.       

Armando Alvarez   

Royce Gracie vs. Dan Severn / UFC 4, dezembro de 2004.   

Royce, o primeiro superstar do UFC, pegou o americano Dan Severn na final do UFC 4. Com apenas 80kg, Royce enfrentou os quase 36 quilos de vantagem que Severn possuía. Parecia que o campeão do UFC 1 e 2 seria derrotado pelo condecorado representante da luta greco-romana. Severn ficou por cima de Royce por quase 15 minutos, enquanto Royce fazia guarda. Um pouco depois dos 15 minutos de luta, Royce encaixou um triângulo em Severn e forçou o gigante a desistir. Naquela época a luta tinha sido o mais incrível retorno ao UFC já visto. Aquele feito forçou os lutadores a aprender a arte suave a fim de serem bem sucedidos no esporte.   

Michael DiSanto   
Vitor Belfort vs Randy Couture / UFC 46, janeiro de 2004.  

Três semanas antes de Vitor Belfort ter sido confirmado como desafiante ao cinturão meio pesado do UFC contra Randy Couture, foi anunciado que sua irmã, Priscila, tinha desaparecido. Todo mundo esperava que Vitor não lutasse e ficasse com sua família durante o período emocional mais difícil de suas vidas. Ao invés disso, Belfort optou por lutar e usar o momento para honrar Priscila e mostrar para o mundo que os esforços não estavam sendo poupados nessa busca. A empolgação no Mandalay Bay era palpável no momento que o Fenômeno caminhava lentamente em direção ao octógono do UFC 46 usando uma camiseta com a foto da Priscila. O som da música thunder and lightening também impressionava, personalizando ainda mais sua entrada da arena até o octógono. Eu nunca tinha presenciado alguém tão focado e determinado entrar no octógono do que Vitor naquela noite. A luta foi rápida; Vitor venceu por nocaute técnico em apenas 49 segundos. A glória de faturar seu primeiro título no UFC desapareceu minutos mais tarde na conferência pós luta. Ele se sentou para responder perguntas, olhou brevemente para o cinturão e debruçou-se sobre a mesa e foi acometido emocionalmente pela dor do sumiço de sua irmã. Levar o cinturão para casa diante de todas as adversidades vividas foi uma das maiores demonstrações de coragem e força mental na história do UFC.   

  

Chuck Mindenhall   

Anderson Silva vs. Chris Leben, UFC Fight Night 5, junho de 2006.   

Todos que puderam assistir ao nocaute de Anderson Silva sobre Tony Friklund sabiam que a estréia de Anderson no UFC contra Chris Leben, dois meses depois, seria pura trocação. Na luta contra o Friklund, Anderson lançou uma incomum - mas arrasadora - cotovelada deixando todos boquiabertos. A facilidade, a calma e o a formar devastadora com que ele fez isso, também impressionaram. Mas mesmo assim existiam poucos apontando Anderson como favorito em sua estréia no UFC. Mas quando ele entrou no octógono para enfrentar Leben, um trocador de mãos pesadas e pouca técnica, deu para perceber que ele faria uma apresentação histórica. Ele fez isso, lançando 17 golpes em 49 segundos, com 85% de precisão, tomando apenas um soco. De forma espantosa, quando Leben tentava algo, Anderson não hesitava. Exista algo quase alucinógeno sobre toda a luta, nunca visto, ele parecia um ser biônico. Aquilo não o colocou apenas no mapa do cenário americano, mas causou um incômodo a todos da categoria média do UFC. Noves lutas depois, nada mudou.   

Rhett Butler     

Quinton "Rampage" Jackson e Wanderelei "The Axe Murderer" Silva / UFC 92, dezembro de 2008.   

Minha luta favorita foi no UFC e aconteceu entre Quinton "Rampage" Jackson e Wanderelei "The Axe Murderer" Silva em Las Vegas. Embora eles já tivessem lutado duas vezes no Pride, com Wanderlei saindo vitorioso em ambas, os dois ainda tinham uma rivalidade evidente. Durante a pesagem, Wanderlei empurrou Jackson e a platéia presente gostou do que viu. Porém quando todos estavam nos bastidores algo muito interessante aconteceu. Nós separamos os atletas de suas equipe depois da pesagem para que Dana White e Joe Silva pudessem falar sobre o bônus pela vitória. Enquanto estávamos esperando por Dana, todos os atletas, com exceção de Wanderlei, estavam se reidratando e comendo para recompor o que perderam. Jackson estava sentado na mesa conferindo seu celular quando de repente Wanderlei apareceu e deu de cara com ele. Imediatamente, no momento que se olharam, o brasileiro partiu para cima de Jackson, desafiando e provocando ele. Jackson estava surpreso, mas não aceitou a provocação, porém Wanderlei estava furioso! Isso forçou Houston Alexander e eu a acalmarmos os ânimos e evitar uma terceira luta entre os dois naquela pequena sala do MGM Grand Convention Center. No dia seguinte Jackson iria nocautear o radical Wanderlei, mas sem dúvidas a rivalidade deles ainda deve estar acessa.   

Elias Cepeda   

Rodrigo "Minotauro" Nogueira vs. Mirko "CroCop" Filipovic / Pride - Final Conflict, novembro de 2003.     

A carreira do ex-campeão pesado do Pride, Rodrigo "Minotauro" Nogueira, parecia estar em uma trajetória completamente diferente da do kickboxer do K-1 que tinha virado um assassino no MMA, Mirko "CroCop" Filipovic, quando eles se encontraram para disputar o cinturão interino da categoria em novembro de 2003. Cro Cop começou a carreira dele com nove lutas sem derrotas e com sete nocaute ou nocaute técnico, enquanto Minotauro vinha de uma derrota onde foi dominado e uma controversa vitória por decisão.   

E os dez primeiros minutos foram complicados para o especialista em jiu-jitsu, Cro Cop evitava todas as investidas de quedas de Minotauro e respondia com socos e chutes e socos de todas as posições.   

Minotauro foi salvo pelo gongo quando recebeu a marca registrada de Cro Cop, o chute alto na cabeça, e nesse momento, talvez todo público, me incluo nessa, não tinha mais esperanças de ver Minotauro vencer aquele combate.      

Poucos segundos após o começo do segundo assalto, Minotauro tentou e conseguiu uma queda sobre Cro Cop. Agora, utilizando seus elementos de mestre na luta de solo, ele passou da posição dos cem quilos para a montada. Assustado com os socos que choviam sobre sua cabeça, Cro Cop expôs seu braço direito por um instante e o bravo ex-campeão, com maestria, encaixou um armlock que forçou o croata a desistir.     

O ginásio explodiu em aplausos com mais uma amostra da raça e da habilidade inigualável de Minotauro. A vitória seguiu seu incrível padrão de superar adversidades durante o combate e mesmo assim ter seu braço levantado no final.   

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